Detentos no Extremo Oriente russo construirão o segundo trecho da linha férrea Baikal-Amur, construída em parte por prisioneiros do gulag, segundo um acordo concluído nesta quinta-feira (10) entre os serviços prisionais e uma empresa de construção.
“Foi assinado um acordo de intenção para usar a mão de obra dos condenados e criar um local que funcione como centro correcional”, informou um porta-voz dos serviços prisionais russos (FSIN), citado pela agência de notícias Ria Novosti.
Um chefe da construtora Bamstroymejanizatsiya, Alexander Tchernoyarov, explicou que a empresa está enfrentando “uma grave escassez de mão de obra” devido à escala do projeto e à pandemia de covid-19, que desacelerou o fluxo de trabalhadores migrantes.
O Exército anunciou em abril que iria contribuir para a modernização da linha, conhecida como BAM, mas de acordo com a mídia russa, só pode fornecer 3.000 soldados, quando cerca de 15 mil pessoas são necessárias.
A BAM foi construída em parte por prisioneiros do gulag soviético. Toda uma seção desses detidos, a “Bamlag”, foi dedicada a ela. Atravessa mais de 4.000 km da Sibéria até a costa do Mar do Japão, e grande parte da rota passa por áreas congeladas.
Segundo dados oficiais, citados pelo jornal econômico Vedomosti, cerca de 40 mil presos morreram construindo essa linha na década de 1930, mas para muitos pesquisadores o número é bem maior.
Foi um dos projetos mais faraônicos da URSS e também representou um buraco financeiro sem fundo.
O segundo trecho dessa linha tem cerca de 340 km e as obras estão programadas para começar na primavera.
A anunciada modernização da BAM faz parte dos objetivos de desenvolvimento das ferrovias russas para 2025.
Ria Novosti.