O prefeito de Coxim Edilson Magro (PP) e seu núcleo duro dentro da Câmara Municipal estão direcionando as atenções para aliados e opositores para “separar o joio do trigo”.

O plano, captado em uma gravação que foi vazada em grupos de whatsapp do município, entre os vereadores e o prefeito, mostra o prefeito sendo colocado na parede pelo grupo de vereadores que fazem parte de sua base.
A reunião foi realizada dias antes da eleição da mesa diretora para tentar anular a movimentação da oposição. As críticas dos vereadores da base de apoio a Edilson focaram na articulação política, que se mostrou ineficaz, já que a oposição conquistou a presidência da Casa.
A conversa interna do grupo aliado do Prefeito revela que pelo menos três vereadoras estavam fazendo questionamentos e críticas diretas ou indiretas à administração e “solicitando muitos requerimentos” o que levou o Executivo a planejar o “corte” dos apadrinhamentos delas.
O município passa por grave crise política e institucional, com investigações e recomendações do Ministério Público quanto a criação de cargos e, mais recentemente, a morte de uma jovem por atropelamento de um ônibus da prefeitura onde o motorista estava com a CNH cassada há mais de um ano.
A reunião contou com o prefeito, o vice Flávio Dias (PSDB), o então presidente da Câmara Municipal Luiz Eduardo (PP) e outros vereadores da base.
A estratégia inclui “passar o facão” e “matar a raiz” da oposição, nas palavras do vice-prefeito.
“Se precisar da ajuda da Câmara para isso, tem que ter uma pessoa para articular”, cobra Luiz Eduardo.
“Chegou o momento de tomar decisões”, diz o vereador Márcio Barbosa, líder do prefeito na Câmara, citando que o prefeito não deve mais conversar “Ah vamos equilibrar aqui, conversar… não!”. O áudio mostra que Edilson ouve broncas e reprimendas dos vereadores, principalmente quanto à sua articulação política.
Passar o facão
A estratégia discutida na reunião inclui a “cassação política” de vereadores e exoneração e perseguição de apadrinhamentos feitos em cargos para vereadores que, embora eleitos na mesma base, estariam agindo de forma opositora.
Os planos incluem deixar de atender pleitos, mesmo que vindos da população. A retaliação seria uma forma de fazer os opositores “dobrarem” e se juntarem ao grupo do prefeito.
A conversa interna do grupo aliado do Prefeito Edilson Magro revela que pelo menos três vereadoras, Simone Gomes (Republicanos), Lúcia da AAVC (PP) e Lourdes Assistente Social (Podemos) estavam fazendo questionamentos e críticas diretas ou indiretas à administração, o que levou o Executivo a planejar o “corte” dos apadrinhamentos delas.
“Lúcia, o que que você Lúcia tem? Ela vai contra eu. Cortei no zero”, diz o prefeito.O grupo sugere cortar totalmente o apoio dela, inclusive convênios indicados pela vereadora.
Quanto a Simone Gomes, vereadora que estaria “criando crise com o projeto”, foi citado que três pessoas na Assistência Social ligadas a ela seriam demitidas.
Para Lourdes da Silva o prefeito mencionou que ela reclama de promessas e confirmou a intenção de “cortar o marido dela do hospital”.
Também são citadas as posição dos vereadores Adriana Nahban (MDB), Jefferson Aislan (Republicanos) e Maurício Helpis (PSDB), atual presidente da Câmara, como alvos de possíveis retaliações.
A pressão da oposição é vista como tentativa de trocar a presidência da Câmara, que ocorreria dias depois. Em um trecho, Luiz Eduardo é direto: “Passou de sete (vereadores) não dá para contemplar todo mundo, a matemática não fecha”. A Câmara tem 13 vereadores.
ims
