Rio Verde, cidade localizada na rota turística Cerrado-Pantanal, em Mato Grosso do Sul, foi palco de um evento que sinaliza um novo momento para o setor turístico sul-mato-grossense. O município sediou um encontro promovido pela Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur-MS), com o objetivo de fortalecer o Programa de Turismo Acessível e Inclusivo. A iniciativa reúne representantes do poder público, setor privado, lideranças comunitárias e profissionais do turismo em torno de uma proposta: transformar o turismo do estado em uma referência de inclusão.
O evento teve como tema central “Turismo para todas as pessoas – Eliminando as barreiras atitudinais e construindo uma nova realidade para o Turismo de Mato Grosso do Sul”, trazendo à tona a urgência de superar não apenas obstáculos arquitetônicos, mas também barreiras atitudinais e comunicacionais que ainda limitam a experiência de milhões de brasileiros.
Turismo como direito e política pública
A coordenadora do programa e gestora da Fundtur-MS, Telma Nantes de Matos, destacou o valor do turismo acessível como expressão de cidadania. “Falar em turismo acessível é falar de dignidade, autonomia e pertencimento. Não é mais possível ignorar as diretrizes existentes e as necessidades. O futuro se constrói com direitos garantidos, com atitudes, com políticas públicas para a construção de cidades e destinos acessíveis para todas as pessoas. O turismo do futuro é para todas as pessoas e o futuro começa aqui em MS”, afirmou Telma.
Essa visão está em consonância com importantes marcos legais e diretrizes internacionais, como a Lei Brasileira de Inclusão, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e as orientações da Organização Mundial do Turismo (OMT). Esses referenciais colocam Mato Grosso do Sul no caminho de se tornar protagonista de um modelo turístico mais democrático e igualitário.
Força econômica e potencial de mercado
O evento reforçou que promover acessibilidade não é apenas um imperativo ético, mas também uma estratégia econômica relevante. Estima-se que mais de 45 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência e outros 30 milhões são pessoas idosas, formando um público-alvo expressivo e com potencial crescente no mercado de viagens.
Nesse sentido, o gerente de Estruturação e Inovação da Oferta Turística da Fundtur-MS, Edson Moroni, defendeu uma abordagem inovadora. “Estamos construindo um novo modelo de turismo, com base em inovação, acessibilidade e sustentabilidade. Não se trata apenas de uma adequação técnica, mas de uma transformação social, econômica e cultural”, explicou.
Um novo paradigma para o setor
Para o presidente da Fundtur-MS, Bruno Wendling, o programa estadual representa uma guinada nas políticas públicas voltadas ao turismo. “A acessibilidade não é um favor, é um direito. E estamos assumindo esse compromisso como política pública de Estado. Queremos fazer de Mato Grosso do Sul uma referência nacional e internacional em turismo inclusivo, com impactos sociais, culturais e econômicos positivos para todos os municípios”, reforçou Wendling.
Pilares da transformação
Durante o encontro em Rio Verde, foram reafirmados os três pilares estruturantes do Programa de Turismo Acessível e Inclusivo:
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Acesso: garantir presença com segurança, autonomia e igualdade em todos os espaços.
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Reconhecimento: valorizar a diversidade humana, combatendo estigmas e eliminando obstáculos físicos e comportamentais.
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Capacitação: oferecer formação continuada a empresários, profissionais do turismo e lideranças comunitárias.
Esses pilares norteiam uma política pública em expansão, que pretende alcançar todas as regiões do estado e envolver municípios de diferentes perfis, desde os mais consolidados no turismo até os que estão em fase de estruturação.
Escuta qualificada e pactos regionais
Além de palestras e painéis, o evento também promoveu uma roda de conversa com participação de diversos segmentos da sociedade. O espaço possibilitou escuta qualificada e compromissos práticos com a transformação dos destinos turísticos do Mato Grosso do Sul. Essa etapa é parte de uma agenda contínua da Fundtur-MS, que seguirá percorrendo o estado para ampliar o debate e fomentar ações concretas em cada região.
A coordenadora Telma Nantes reforçou o compromisso com essa jornada: “A acessibilidade que falta é a cidadania que se nega. Estamos aqui para garantir que ela seja realidade. Mato Grosso do Sul está fazendo história”.
A agenda da Fundtur-MS continuará com encontros regionais voltados à implementação das diretrizes do turismo acessível. O objetivo é promover destinos inteligentes, sustentáveis e que coloquem a inclusão no centro da experiência turística. A expectativa é que outras cidades da rota Cerrado-Pantanal e de outras regiões também se engajem na causa, replicando as boas práticas iniciadas em Rio Verde.
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