‘Novela Pantanal’  foi gravada em três cidades de MS

O remake da novela Pantanal estreará na próxima segunda-feira (28), e tem como destaque o bioma pantaneiro, a maior fonte de concentração de fauna das Américas como também a maior planície alagada do mundo. O Pantanal sul-mato-grossense foi inspiração para a obra escrita há mais de 30 anos por Benedito Ruy Barbosa e seguirá sendo na nova versão escrita por Bruno Luperi.

A novela teve suas gravações em Aquidauana, Corumbá e Miranda. Destaque para a região da Nhecolândia, distrito de Corumbá localizado entre os rios Negro e Taquari. A produção do folhetim programou duas longas viagens, a primeira foi realizada em 2021 para a primeira fase da novela e outra agora em 2022 para as gravações da segunda fase.

Ao todo foram usadas seis fazendas servindo de base de apoio para as gravações, dando suporte diretamente à produção, seja para hospedagem, para gravação ou almoxarifado. Um dos locais em que Pantanal está sendo gravada é na Fazenda Rio Negro, que também foi cenário para das gravações da versão original na extinta Rede Manchete. O lugar fica localizado na bacia do rio Negro, na cidade de Aquidauana.

Para o cenógrafo Alexandre Gomes de Souza, visitar a fazenda de Almir Sater foi crucial para as escolhas das fazendas. “Quando viajamos ao Pantanal para a escolha das locações, não sabíamos exatamente o que esperar. Mas, quando conhecemos toda aquela região da Nhecolândia e nos deparamos com tudo aquilo, não havia dúvidas de que encontramos o local ideal, e por coincidência foi o mesmo local das gravações da novela de 30 anos atrás”.

Um arsenal de equipamentos e um batalhão na produção – Além de cenários deslumbrantes, foi preciso uma logística detalhada e organizada para dar conta do recado, ao todo foram 12 caminhões para carregar todo o material da produção de arte, cenografia, figurino, caracterização e tecnologia. Estima-se que foram 144 toneladas de material.

Para todo esse equipamento, exigiu-se um batalhão na equipe, que entre funcionários das fazendas, transporte, equipe e elenco, foram cerca de 150 pessoas envolvidas diretamente com as gravações.

Diante de tantas possibilidades que o bioma pantaneiro fornece, a equipe da novela optou por não construir uma cidade cenográfica no Rio de Janeiro. “Com a diversidade de paisagens que tínhamos no Pantanal, não fazia sentido termos uma cidade cenográfica para representar o local no Rio de Janeiro. Por isso, optamos por construir nos Estúdios Globo os cenários fixos, como o interior da casa de José Leôncio, a tapera da família Marruá e o galpão dos peões e outras áreas internas”, finaliza Alexandre.

Em relação aos detalhes, a figurinista Marie Salles, relata que 80% de todos os objetos foram comprados no Pantanal, especialmente na cidade de Aquidauana. Foram encomendado e confeccionado objetos de cena que remetem à realidade vivida pelos fazendeiros, peões e moradores da região, características importantes da cultura pantaneira. “Quando chegamos no Pantanal, teríamos que retratar a realidade, a louça é terrena na cozinha do personagem principal, Zé Leôncio. A gente teve a preocupação de elaborar folhetos de leilões de gado, retratando a realidade de dono de gado”

Destaque para os violões confeccionados especialmente para o elenco. “Fizemos um violões para o Tibério, Quim e Trindade. Já Gabriel Sater nos mandou especificações e encomendamos um igual ao dele, porém ‘envelhecido’. No caso do seu pai, Almir Sater, ele já tinha os violões antigos, que remetem àquela época. Portanto, ele é o único que usará seu próprio violão”, detalha Marie.

A produção de arte investiu em pesquisa e produtos locais a fim de trazer a realidade pantaneira à dramaturgia, prova disso, foram as encomendas de peças do povo Terena. “Foram compradas travessas de cerâmica vermelha com desenhos indígenas para a fazenda, louças mais simples para a tapera e sacolas desenhadas para a chalana, que encomendamos para homenagear esse povoado local”, finaliza a figurinista.

Nos bastidores – Leandro Reis produtor local, que está auxiliando na produção logística da equipe da novela em Mato Grosso do Sul, ficou responsável por atender todas as necessidades da produção e mostrar a realidade rotineira que eles iriam enfrentar. “Quando chegavam no Aeroporto Internacional de Campo Grande, tinha uma equipe de motorista para levá-los até Piraputanga, onde almoçavam e depois partiam para o Pantanal. São 150 km de estrada de chão, eram 4h30 de viagem, muito longa com muitas porteiras para abrir e muito calor para aguentar”.

Leandro relata ainda que a adaptação do elenco da novela foi gradativa. “Todos eles passaram perrengues, mas todos eles se adaptaram, logo se encantavam com a energia deste lugar, com a natureza. Saíram daqui encantados com o Pantanal”.

A ajudinha de Almir Sater – Almir Sater, que deu vida ao peão Trindade na novela de Benedito Ruy Barbosa, agora interpreta o chalaneiro Eugênio no texto de Bruno Luperi, conta que comprou as terras que foram cenário da novela há 30 anos atrás, logo que as gravações terminaram. “Eu prometi para mim mesmo que assim que eu pudesse, um dia iria morar nesse lugar. E quando Sérgio Reis me convidou para participar da primeira versão da novela, eu falei: A gente vai passar um ano no Pantanal e ainda receber por isso? É claro que eu topo!”.

A novela Pantanal foi um divisor de águas na minha vida e na carreira de Sater, e com muito esforço conseguiu comprar aquelas terras. “Comecei a trabalhar como nunca, ganhei meu dinheirinho e insisti durante 10 anos para que a antiga proprietária me vendesse. Quando ela aceitou, precisei comprar os fundos da fazenda primeiro para ela me vendesse a parte na beira do rio”, comenta o cantor.

Ao receber a equipe da nova versão em sua fazenda, Almir relata que o diretor depois de muita procura, não havia não encontrado nada muito diferente do que o diretor da primeira versão encontrou na época. “De repente estou em casa, e chega a equipe do Rogério Gomes para me visitar. Eles estavam escolhendo locações, e aí eu falei: Começando daqui vocês já partem de um bom lugar. Eles foram visitar outros lugares, mas sentiram que era aqui. Apresentamos algumas fazendas, pessoas que poderiam receber a equipe e tudo deu certo”, complementa Almir.

A partir da interseção de Almir Sater, os locais, as fazendas foram escolhidas para agregar o cenário deslumbrante da novela Pantanal.

Os 10 segundos de Juliana Paes para aceitar o papel de Maria Marruá – Ao receber o convite para atuar como Maria Marruá, na novela Pantanal, a atriz admite que só questionou quando começavam as gravações. “Sempre fui muito fã da atriz Cássia Kiss que interpretou a primeira Maria Marruá, e quando recebi o convite, só questinei: Quando a gente começa?”.

Aceitar o desafio de fazer uma personagem de uma atriz a qual Juliana é fã e tem lembranças das primeira versão, trouxe sentimentos de nostalgia. “A novela Pantanal tem memória afetiva e eu me lembro dos meus pais assistindo. Eu e minha mãe sempre fomos ‘noveleiras’, já meu pai não. Era uma atmosfera diferente nas casas das pessoas, tem essa nostalgia boa. Para a nova geração, será novidade, mas tem um público cativo que vai assistir”.

Ao ser questionada sobre o processo de caracterização de Maria Marruá, uma mulher sofrida, que nunca teve acesso a produtos de beleza ou cuidado com a pele, Juliana afirma que se sente aliviada por poder interpretar essa mulher. “As pessoas me perguntam: ‘como é se ver envelhecida, maltratada?’ Vivemos nesse mundo tão estético, que é gratificante abrir mão da vaidade, da estética vigente. Abrir mão disso é ver a beleza nas marcas do tempo, não é esforço deixar de ser vaidosa, mas sim de deleitar no processo. É muito gratificante”.

A personagem Maria Marruá foi forjada na dor de perder três filhos, alguém que não tem mais nada, apenas seus instintos. “Tentei trabalhar a Maria desse ato de lutar na dor, na solidão, com a redescoberta do amor. Apesar de todas as dores é possível encontrar felicidade no amor pela filha, a Juma, que a vida que não para, deve continuar, apesar de tudo”.

Juliana encerra sua participação na novela e na Rede Globo, porém sua despedida ficará marcada na nova versão, como também o Pantanal deixou marcas na atriz. “Quando chega no Pantanal, ele te convida a ouvir, olhar para fora, contemplar essa energia que fica impregnada na gente, o barulho da natureza é tão forte, que você se silencia e ai entra em contato com a sua natureza mais selvagem, conectada aos seus próprios desejos”.

 

 

g1

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