O primeiro paciente da América do Sul a passar por um procedimento de angioplastia com o auxílio de inteligência artificial (IA) teve cirurgia realizada na manhã desta quinta-feira (16).
Seu Raimundo, de 70 anos, foi acompanhado pela equipe de cardiologia intervencionista do Instituto do Coração (InCor) de São Paulo.
COMO FUNCIONA A ANGIOPLASTIA COM INTELIGÊNCIA ARTIFICAL?
A angioplastia tem o objetivo de desobstruir artérias coronárias entupidas, seja por placas de gordura ou calcificações, e geralmente é pouco invasiva.
O procedimento precisa inserir um cateter que chegue até vaso cardíaco obstruído do paciente, de forma que seja possível colocar um stent.
O stent é um componente metálico semelhante a uma pequenamola que é expandido por meio de um balão, de forma que os médicos possam abrir passagem para a circulação sanguínea.
De acordo com um dos cardiologistas do Incor que realizou o procedimento em Raimundo, Carlos Campos, o algoritmo da inteligência artificial funde dois métodos tradicionais.
“Esse algoritmo faz uma fusão das imagens deraio X e datomografia e identifica os locais de maior gravidade da obstrução, as características da placa, se há calcificações, as espessuras e o ângulo dessas calcificações”, explicou.
“[Além disso], a inteligência artificial avalia, depois da colocação do stent, se está corretamente expandido”, acrescentou.
A metodologia funciona através do software Ultreon 1.0, produzido por uma farmacêutica americana que recebeu registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro, a Abbott.
VANTAGENS DE USAR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NOS PROCEDIMENTOS:
Segundo o diretor do Departamento de Cardiologia Intervencionista do Incor, Alexandre Abizaid, o uso da IA na angioplastia reduz o risco do paciente de ter uma nova obstrução na região.
“Após o implante do stent, nós voltamos a colher as imagens tomográficas dentro das artérias e, usando o algoritmo de inteligência artificial, conseguimos deixá-lo melhor expandido, o que melhora o fluxo sanguíneo e reduz a chance de o paciente voltar a ter uma obstrução naquele local”, afirmou.
“O índice ideal de expansão é de 80% a 90% da artéria. Para os nossos olhos, o stent estava perfeito, mas a inteligência artificial foi capaz de identificar que, em alguns trechos, estava com 75% de expansão e, com isso, pudemos ir novamente com o balão naquele ponto e expandir o stent um pouco mais”, completou o cardiologista Calos Campos.
Quando a angioplastia é feita com auxílio da tomografia de coerência óptica e da inteligência artificial, o risco de óbito e enfarte diminui em 30%, segundo estudos avaliados pelos médicos.
Com informações do Estadão