Empresário “peça-chave” em esquema de desvio de vereador é preso em Corguinho

Foragido há quatro meses, o empresário Júlio Arantes Varoni foi preso na manhã desta Sexta-Feira Santa (29) em Corguinho, a 99 quilômetros de Campo Grande. O empreiteiro é apontado como peça-chave da organização criminosa chefiada pelo vereador Valdir Brito da Silva, que teria desviado uma fortuna da Prefeitura Municipal de Amambai.

Varoni estava com a prisão preventiva decretada desde 16 de novembro do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Laços Ocultos. O empresário virou réu pelos crimes de corrupção, organização criminosa, peculato e fraude em licitações.

O empresário estava escondido na Fazenda Vista Alegre, próximo ao Assentamento do Taboco, na zona rural de Corguinho. Após ser preso pela Polícia Militar, Varoni foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil do município.

O delegado Valmir Moura Fé comunicou a prisão do sócio da construtora Mariju Engenharia Ltda, de Amambai, ao juízo de Rio Negro e de Amambai. O empresário será encaminhado para audiência de custódia. O juiz deverá analisar se suspende ou mantém a prisão preventiva. Então, caso decida manter a custódia, o empreiteiro será encaminhado para um presídio, que pode ser Campo Grande, Dois Irmãos do Buriti ou Amambai.

A prisão quebrou a rotina praticamente sem ocorrências na delegacia da pacata cidade de Corguinho. Há dois anos não é registrado nenhum homicídio no município. No ano passado ocorreu apenas um roubo na cidade. Neste ano, em três meses, não houve o registro de nenhum assalto a mão armada.

O empresário está presente em várias empresas do suposto esquema de desvio de dinheiro público montado pelo vereador Valter Brito da Silva. “Júlio Arantes é sócio da Mariju Engenharia Ltda. Júlio já foi sócio da V. C Construções Ltda, cujo sócio é Valter Brito da Silva. Também já foi empregado da C&C Construtora Eireli, cujo sócio é Francisco Macielda Cruz, mas operada de fato por Valter Brito da Silva, conforme já explicitado”, destacou o ministro Teodoro Silva Santos, do Superior Tribunal de Justiça.

“Atualmente, além de sócio da sócio da Mariju Engenharia Ltda, Júlio Arantes Varoni é empregado (Engenheiro Civil) da empresa Adelvina A. do Nascimento Construtora Eireli, cuja sócia é a cunhada de Valter Brito da Silva. Conforme Anexo I, f. 35 e 44, até o ano de 2018 a empresa Mariju possuía 2 (dois) funcionários cadastrados, sendo que a partir do ano de 2018, oito funcionários ingressaram na empresa. Desses oito funcionários, cinco possuíam vínculo imediatamente anterior com a C&C Construtora e/ou da empresa Transmaq Serviços, sendo um deles sobrinho de Valter Brito da Silva. Essa constatação revela que a Mariju teria atuado como uma extensão das empresas pertencentes à família Brito”, apontou o magistrado.

“Com efeito, a materialidade dos delitos está devidamente provada pelos relatórios de interceptação telefônica, relatórios de quebra de sigilo de dados bancários e fiscais e relatórios investigativos, os quais demonstram a possível prática dos crimes de frustração do caráter competitivo da licitação Lei nº 14.133/2021), organização criminosa (art. 2º, caput da Lei nº 12.850/2013), corrupção passiva e ativa(artigos 317 e 333 do Código Penal) e ‘Lavagem” ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores (art. 1º da Lei nº 9.613/98)’”, concluiu o ministro.

A prisão de Varoni foi mantida em despacho publicado no dia 14 deste mês pelo juiz Daniel Raymundo da Matta, da Vara Criminal de Amambai. Com a prisão do empreiteiro, apenas a servidora municipal Jucélia Barros Rodrigues continua foragida. Ela era responsável pelos contratos da prefeitura.

Valter Brito da Silva segue em prisão domiciliar. Ele obteve o direito após sofrer uma parada cardíaca no presídio de Campo Grande.

 

 

 

oj

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