Lula encontra Bernie Sanders e democratas antes de reunião com Biden

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou na manhã desta sexta-feira (10) com o senador americano Bernie Sanders na residência onde está hospedado em Washington.

Um dos principais líderes da esquerda nos EUA, Bernie se envolveu com a eleição brasileira e capitaneou ações de parlamentares americanos por respeito à democracia no Brasil.

Ele aprovou no Senado, no fim do ano passado, uma resolução acionando a Casa Branca a romper relações em caso de golpe de Estado.

Segundo Bernie, na conversa Lula defendeu “a necessidade de fortalecer os fundamentos democráticos não apenas no Brasil, não apenas nos EUA, mas em todo o mundo, porque há uma ameaça massiva de extremistas da direita que tentam minar a democracia”.

O senador afirmou a jornalistas que é preciso que as “economias da América Latina e dos EUA trabalhem para trabalhadores, não apenas para bilionários do 1% [mais ricos].”

“Outra coisa muito importante é o clima; o futuro da Amazônia vai determinar se vamos conseguir salvar o planeta ou não. E os EUA têm de fazer tudo o que puder para acabar com o desmatamento e proteger a Amazônia.” Depois do encontro, Lula recebe membros do Partido Democrata também na Blair House, residência em frente à Casa Branca que o governo dos EUA cede a chefes de Estado estrangeiros.

A lista de deputados não foi divulgada, mas conta com Alexandra Ocasio-Cortez. Enquanto o petista recebia os representantes americanos, um grupo de três pessoas apareceu próximo à casa para protestar contra ele, chamando-o de ladrão.

Dois apoiadores gritaram a favor de Lula. Uma das razões para que Lula tenha se hospedado na Blair House e não em um hotel, como desejava a princípio, era evitar protestos. O local está cercado quando há autoridades estrangeiras e a segurança é feita pelo serviço secreto americano.

O grupo de parlamentares recebido por Lula está fortemente envolvido com o Brasil desde a eleição de outubro e as ameaças golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A movimentação cresceu ainda mais em janeiro, após os ataques golpistas aos três Poderes enquanto Bolsonaro está nos Estados Unidos.

O ex-presidente está na Flórida desde 30 de dezembro e não disse quando voltará ao Brasil, ao mesmo tempo em que pleiteia um visto de turismo que lhe daria direito de ficar no país por seis meses. Ele ainda levanta suspeitas sem fundamento sobre a eleição brasileira em conversas com apoiadores e palestras.

Na última quarta, um dia antes da chegada do presidente, três deputados democratas —David Cicilline, Gregory Meeks e Joaquin Castro— propuseram uma resolução na Câmara condenando os ataques de 8 de Janeiro e pedindo que autoridades cooperem para responsabilizar pessoas vinculadas a eles que estiverem nos EUA.

Uma semana antes, o Senado aprovou resolução semelhante do democrata Bob Menendez, presidente da Comissão de Relações Exteriores, que pedia que o Departamento de Justiça responsabilize “quaisquer atores baseados na Flórida que possam ter financiado ou apoiado os crimes violentos” em Brasília.

A pressão parlamentar por respeito à democracia no Brasil tem sido constante. Em 11 de janeiro, três dias após os ataques aos três Poderes, um grupo de congressistas acionou o presidente americano, Joe Biden, e pediu por investigação do FBI, a polícia federal americana. Lula vai receber representantes da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), maior federação sindical dos EUA.

Ativa politicamente, a AFL-CIO teve papel ativo na contenção das manifestações golpistas nos EUA após os ataques de 6 de Janeiro, quanto apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o Congresso contra a confirmação da vitória de Biden.

Depois, Lula vai à Casa Branca para se encontrar com Biden. Eles conversam reservadamente antes de uma reunião ampliada em que estarão, entre outros, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Anielle Franco (Igualdade Racial), além do assessor especial Celso Amorim e do secretário Marcio Elias Rosa do lado brasileiro.

Do lado americano estarão ministros equivalentes, como o secretário de Estado, Antony Blinken; o do Tesouro, Janet Yellen; o enviado especial para o clima, John Kerry; e o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. Pela manhã, Lula concedeu entrevista de cerca de meia hora para a jornalista britânico-iraniana Christiane Amanpour, da CNN.

Representantes de grupos de esquerda de todo o país se organizaram para manifestar apoio ao petista na tarde desta sexta, antes que ele vá para a Casa Branca. Os ativistas representam diferentes grupos, desde brasileiros do Defend Democracy in Brazil até americanos do Partido para o Socialismo e Libertação. Também vão ao local membros da organização Codepink e da coalizão Act Now to Stop War and End Racism (Answer).

 

 

folhapress

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