Brasil foi um dos países que mais matou LGBTQIA+ em 2022

Dados divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Observatório do Grupo Gay da Bahia, mostram que o Brasil ainda é um dos países que mais matam pessoas LGBTQIA+, com 256 registros de morte em 2022.

Do total de mortes, 242 foram por homicídios, incluindo latrocínios, que é roubo seguido de morte, e feminicídios, e 14 por suicídio, que segundo o relatório, é resultado de subnotificação “por tratar-se de crime tabu sujeito a restrições de divulgação”.

Nos homicídios, predominam mortes por arma de fogo, que foram responsáveis por 29,6% das notificações, seguidas das armas brancas, que registraram 25,7% das ferramentas utilizadas nos crimes, incluindo também asfixia, espancamento, apedrejamento, esquartejamento, atropelamento proposital.

O Nordeste foi a região que mais matou pessoas da população LGBTQIA+, com 111 mortes, seguida da região Sudeste, com 63 registros, Norte com 36, Centro-Oeste com 31, e a região Sul com 15.

Apesar de ter registrado 31 mortes e estar em penúltimo lugar na colocação de regiões mais violentas, a média de mortes em relação a cada 100 mil habitantes para o Centro-Oeste é de 0,20, acima da média nacional de 0,13, colocando a região entre as três mais violentas do Brasil.

Na região, Mato Grosso fica à frente nas mortes, com 9 registradas, seguido de Mato Grosso do Sul, com 8, Goiânia, com 7, e o Distrito Federal, com 5.

Campo Grande também se destaca, ficando em 10º lugar no ranking de municípios com mais mortes LGBTQIA+ em 2022, com 4 registros de mortes. No Ranking do Estado, a Capital foi a cidade que mais apresentou registros no último ano.

O Dr. José Marcelo Domingos de Oliveira, coordenador da pesquisa, explica que “o uso de múltiplos instrumentos, o alto número de golpes ou tiros e de diversas formas de tortura refletem a crueldade e virulência da homotransfobia”, e que “o calvário vivenciado pelos suicidas LGBT+, onde a intolerância, sem dúvida, foi o combustível para minar sua autoestima”.

O presidente da Aliança Nacional LGBT, entidade parceira da pesquisa, Toni Reis, propõe cinco propostas a curto prazo para erradicação das mortes violentas de LGBTQIA+ no Brasil.

“A urgência de educação sexual e de gênero em todos níveis escolares, a aplicação exemplar dos dispositivos legais de criminalização do racismo homotransfóbico, a adoção de políticas públicas que garantam a cidadania plena desse segmento e o apelo para que as vítimas de tais violências reajam e denunciem sempre todo tipo de discriminação”, explicou.

 

 

mj

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