Patrocínio do setor agropecuário integra um novo cenário de investimentos no futebol

Impulsionada por taxas significativas de crescimento nos últimos anos, principalmente em 2020, embora a maioria dos setores econômicos tenha sofrido retração por conta da pandemia, a agropecuária brasileira começa a investir no futebol. O Cuiabá, estreante na Série A do Campeonato Brasileiro, exibiu o primeiro patrocínio agro na elite do futebol nacional. Nesta semana, o Juventude também assinou parceria com uma empresa do setor.

A Agro Amazônia, que atua na área de fertilizantes, inseticidas, sementes e outros insumos para agricultura e pecuária, investe R$ 2,7 milhões por ano para estampar a marca na omoplata (ombro) da camisa do Cuiabá, nas placas do Centro de Treinamento e Arena Pantanal, backdrops (painéis) na sala de imprensa e nas redes sociais.

“O patrocínio em um time de futebol na elite do principal campeonato do país é uma das estratégias para popularizarmos o nome da empresa no ambiente nacional”, diz Roberto Motta, CEO da empresa que possui 41 filiais em sete estados, a maioria no Centro-Oeste e Norte do País.

Arthur Bernardo, diretor de desenvolvimento de negócios do Ibope Repucom, especializada em pesquisa de marketing esportivo, afirma que um dos atributos para um patrocínio é a afinidade entre a marca e o patrocinado. “Neste caso, há adequação imediata, quase uma relação de causa identitária entre o segmento agropecuário e o clube que é único representante de um dos estados líderes do agronegócio na Série A”, opina o especialista.

O Juventude também está inserido neste contexto. O clube anunciou na quarta-feira o contrato até o final da temporada com a New Holland Agriculture, fabricante de tratores, colheitadeiras e outros produtos. A marca está sendo exposta na parte frontal do uniforme, no abdômen, e também nos backdrops. Os valores do contrato não foram revelados, mas o Estadão apurou que giram em torno de R$ 3 milhões. “Queremos mostrar a força do agronegócio para além das fronteiras agrícolas e valorizar o segmento que mais cresce hoje no Brasil”, afirma o diretor de marketing comercial, Gustavo Tanigushi.

No ano passado, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro despencou 4,1%, na maior queda dos últimos 25 anos, o agro cresceu 2%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É esse desempenho que sustenta os investimentos no futebol. “Hoje, o agronegócio é um dos principais responsáveis por manter o PIB brasileiro em alta. Mas é o que menos se expõe em estratégias de comunicação e marketing. O agronegócio deve ser reconhecido”, completa Motta.

 

Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá, afirma que o próprio estado do Mato Grosso pode mostrar suas potencialidades por meio dos patrocínios esportivos. “O futebol é uma ferramenta que demonstra a organização de uma região. O Cuiabá vai ajudar a divulgar as potencialidades do Estado”, afirma o dirigente.

NOVAS MARCAS 

O patrocínio do setor agropecuário integra um novo cenário de investimentos no futebol, ainda sob os efeitos da pandemia. Os serviços de streaming também estão entre as novas marcas nas camisas. São segmentos que ganham espaço após os movimentos dos últimos anos, como a consolidação de marcas próprias no fornecimento de material esportivo e a entrada dos bancos digitais e sites de apostas, além da ascensão do segmento de serviços de saúde.

O mapa do patrocínio de uniformes de futebol no Brasil, estudo preparado pelo Ibope Repucom, mostra que a temporada 2020, encerrada em março deste ano, manteve o volume de marcas. Foram 145 marcas diferentes nas camisas dos times da Série A, praticamente o mesmo patamar de 2019, quando foram registrados 144 logotipos.

O segmento “imobiliário, construção e acabamento” foi o mais presente, com 25 marcas únicas em 2020. Destaque para a categoria de tintas, que contou com 5 marcas diferentes patrocinando times no último Brasileirão. Já o segmento financeiro (bancos tradicionais e digitais, financeiras, consórcios, capitalização, seguros ou meios de pagamento) totalizou 20 marcas diferentes. Considerando-se todos os setores, a média é de sete marcas por camisa.

“Com um mercado em retomada de crescimento e à medida que a vacinação avança no país, a perspectiva é de que ao final da temporada os times da Série A mantenham ou aumentem este volume”, prevê Arthur Bernardo.

 

 

acgp

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